segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Avatar Voz do Além

Coppola se pronuncia sobre “novos rumos da Arte”

 

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Nós precisamos ser espertos nesses assuntos. É preciso lembrar que há míseros cem anos, e olhe lá, os artistas trabalham com dinheiro. Artistas nunca tiveram dinheiro. Artistas tinham um patrono, seja ele o líder do estado ou o duque de algum lugar, ou a igreja, ou o papa. Ou eles tinham outro emprego. Eu tenho outro emprego. Eu faço filmes. Ninguém me diz o que eu tenho que fazer. Mas eu faço meu dinheiro na indústria do vinho. É ter um outro emprego e acordar às cinco da manhã para escrever seu roteiro.

Essa ideia de que o Metallica ou qualquer outro cantor de rock tem de ser rico é algo que não necessariamente vai acontecer daqui para frente. Porque, como estamos entrando em uma nova era, talvez a arte seja gratuita. Talvez os estudantes estejam certos. Eles devem ter o direito de baixar músicas e filmes. Eu vou levar um tiro por dizer isso. Mas quem disse que a arte custa dinheiro? E, portanto, quem disse que os artistas têm que ganhar dinheiro?

Nos velhos tempos, há 200 anos, se você fosse um compositor, o único jeito de ganhar dinheiro era viajando com a orquestra e sendo o condutor, para assim ser pago como um músico. Não havia registros. Não existiam royalties de registros. Então eu diria: “tente desconectar a ideia de cinema com a ideia de ganhar a vida e dinheiro”. Porque há soluções ao redor disso.

A fala acima é do mestre (hoje pouco produtivo) Francis Ford Copolla, diretor de clássicos do naipe da trilogia O Poderoso Chefão, Apocalypse Now e A Conversação.

 

Não posso dizer que concordo com ela inteiramente, a dinâmica do mundo mudou bastante, e creio que parte dessas mudanças de certa exigem que artistas recebam por seus trabalhos. Fora que para Coppola é fácil falar, já que tira uma boa grana com vinhos e viveu na seminal e produtiva década de 70. Mas mesmo concordando que artistas merecem remuneração pela arte deles, não concordo com a extremada industrialização que as artes alcançaram principalmente nos EUA, com executivos que mais se assemelham a mafiosos e gastos infindos com uma tropa de advogados que só servem pra ameaçar cinéfilos/fãs de música que querem baixar gratuitamente os produtos pela internet. Considero que tudo deve possuir um equilíbrio e não é isso o que está ocorrendo hoje.

E no fim, usando a prova-mestre, dá pra imaginar se a industrialização está fazendo bem a arte: a arte melhorou ao longos das décadas, quando as leis de royalties e copyright ficaram mais rígidas? Pense nisso e opine!

 

[99% via Gizmodo]

6 Comentaram...

Anônimo disse...

Fala coerente de alguém que é mestre no que faz. Claro que todo mundo tem que ganhar seu dinheiro mediante seu esforço, mas a arte é uma força, e não se deve nunca nem cogitar, colocar barreiras contra ela em nome do materialismo.

Anônimo disse...

Quando você faz arte pensando apenas no retorno financeiro, aquilo deixa de ser arte. Arte tem sim que ser gratuita e estar disponível para todos.

PAULO HENRIQUE DE DEUS disse...

Bem de certo modo ele está certo, mas claro que quando ele estava no auge nos anos 70 ele ganhou muito (mas muito mesmo) dinheiro. Mas agora as coisas vão voltar a ser como era em um passado distante onde o artista, como no caso mais especifico de músicos, terão que mostra para o maior número de pessoas.

Davi disse...

A Arte gratuita é o futuro, distante, porém é o futuro.

Angelita Oliveira disse...

Eu sinceramente não tenho bagagem cultural suficiente pra falar muita coisa. Mas pensando se a arte melhorou ao longo do tempo, especialmente falando de música que é a que eu mais conheço, eu me decepciono tendo que admitir que a arte musical de hoje é muito pobre. Praticamente qualquer coisa faz sucesso e dá muito dinheiro. Antes de toda essa coisa de copyright e leis de royalties, os artistas trabalhavam não pra se entupir de dinheiro, e sim porque gostavam do que faziam. E quando se gosta do que se faz, se faz bem feito. Hoje, a maioria dos músicos só querem vender a sua imagem e não a arte de verdade. Por isso tanta coisa inútil faz sucesso.

Anônimo disse...

Lembro-me do meu ensino médio quando eu quase fui crucificado por dizer que o Coppola era comunista. Perguntara-me por que eu achava isso e respondi: Uai, vc nunca viu o poderoso chefão? Tudo é uma critica ao capitalismo.
Daí em diante sempre fui tachado como o nerd doido que via comunismo em tudo.

De fato, em certos momentos duvidei das minhas interpretações, mas eis que um dia eu ganhei o box da trilogia, com um dvd de extras e lá tinha o próprio Coppola falando que riram dele quando ele apresentou o roteiro aos executivos da Paramount que lhe perguntaram: o que é isso? e ele: é uma sátira ao capitalismo.

Coppola abomina essa devoção ao dinheiro, tudo está atrelado a obtenção desses pedaços de papeis coloridos... o que Coppola quis dizer com isso é o mesmo que eu penso da música. Faço música para mim, se as pessoas quiserem ouvir ótimo, não vivo da música, tenho outros meios de conseguir dinheiro. E nada contra viver somente de música, veja só, o que Coppola critica e eu também, é a indecencia que se tornou algo tão maravilhoso como compor uma música ou produzir um filme e mais gratificante ainda é ver alguém gostar do seu trabalho.

Eu não preciso de uma harley davidson para viver, mas parece que cantores de rock necessitam disso, assim como grandes atrizes precisam usar os mais caros vestidos das mais conceituadas grifes.

No capitulo 21 em Mateus, Cristo é tomado pelo ódio, assustando até mesmo seus seguidores que nunca o tinham visto sequer se zangar, cuspindo e xingando, ele expulsa os mercadores do templo por estarem corrompendo um lugar sagrado.

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