terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Avatar Voz do Além

“95% das músicas baixadas são piratas”. A gente finge que acredita…

 

cd pirata

Se as pessoas do mundo só ficassem ouvindo as besteiras que a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), e suas afiliadas, vive vomitando por aí, todos chegariam a conclusão que todos os internautas só fazem uma única e exclusiva coisa: baixam músicas piratas! Não importa a hora e o lugar, sempre tem alguém (leia-se: metade do mundo)clicando em um link do Rapidshare (ou EasyShare, quando quem postou tá de olho na grana), ou senão começando um download via Torrent. Os motivos para tamanhos latidos podem, na verdade, ser resumidos em um só: o castelo de cartas dos negócios da indústria da música está ruindo mais rápido que as geleiras em época de aquecimento global. Ver In Rainbows ser bem sucedido tanto via downloads quanto em seus exemplares físicos não deve ter feito muito bem para esses engravatados. E depois veio mais um golpe de misericórdia, com o Nine Inch Nails, que há certo iniciou uma cruzada contra as gravadoras, lançando dois discaços na internet, e sendo bastante bem sucedidos comercialmente (a versão física ultra-luxuosa de Ghosts I-IV, que custava 300 dólares, acabou em dois dias. Sua versão digital foi o álbum mais vendido da Amazon).

Diante de quadros assim, é até compreensível que esses dinossauros míopes se esperneiem, buscando atacar justamente quem lhes alimenta. Nada mais nada menos que os fãs de música e muitos artistas que não aceitam mais gravar para receber 1% das vendas de CD’s. O último ladrar foi a divulgação de um relatório (PDF), que afirmou categoricamente que 95%, de um universo de 40 bilhões, de todas as músicas que se baixam na grande rede são ilegais. A coisa deve piorar ainda mais quando eles olham para os lucros da fatia deles do bolo. Esses 5% dentro da lei geraram um montante de 3,7 bilhões de dólares (multiplique isso por 20, para ter idéia do tamanho da dor de cabeça que os poderosos chefões das gravadoras tiveram. Ou não, como explicarei mais a frente).

O problema é que falar é fácil, difícil é provar. E a IFPI não tem provas do que está dizendo (como, aliás, creio eu, ninguém sabe exatamente números como esse). Ela nem ao menos divulgou como foi realizada a pesquisa, se limitando a dizer que realizada em 16 países e durou três anos. Nada mais a esperar de uma entidade que tem um presidente (chamado John Kennedy), que dá uma declaração infeliz como a abaixo:

As pessoas precisam de ser forçadas a comprar [a música] em vez de a descarregar gratuitamente.

O que resta as gravadoras para elas salvarem o próprio pescoço? Pedir ajuda, já que os artistas perceberam que não precisam mais delas, e podem usar a plataforma online para poder soltar suas músicas mundialmente. Elas agora dependem de governos e provedores para criarem leis que castrem a conexão dos downloaders. Apesar de movimentações recentes, não há sinais que isso deva acontecer na escala necessária tão cedo. Lutar contra 95% de qualquer coisa não parece algo animador, afinal, todos têm contas a pagar (inclusive os provedores. Já os governos necessitam de votos)…

 

[Via Remixtures]

2 Comentaram...

Anônimo disse...

Ótimo texto! As gravadoras deveriam se adaptar ao mundo digital ao invés de declarar guerra à internet.

Genival disse...

U2, Coldplay e outros já fazem singles virtuais pra serem baixados... ouviram -U2- e não menos que isso! As gravadoras estão descendo não como elevadores, mas como jatinhos em queda livre... Muito bom seu texto. Parabéns!

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