domingo, 23 de dezembro de 2007

Avatar FiliPêra

Clube da Luta


















Por FiliPêra






Adaptações cinematográficas geralmente ficam uma grande porcaria, o assunto até foi tema de uma das primeiras colunas HyperEspaço que Eu fiz (leia aqui). Mas quando bons diretores (geralmente admiridores da obra original a adaptam o braco geralmente tende a ir em um rumo diferente, e fazem as más línguas pagarem pelo que dizem.



O maior exemplo disso foi, obviamente, O Senhor dos Anéis, que antes de ficar pronto foi taxado de "o maior risco por um estúdio na história", "fadado ao fracasso", entre outras coisas. O resultado pode muito bem ser visto nas telas, e a Trilogia do Anel acabou por se tornar o maior triunfo da história do cinema, entregando não só momentos grandiosos, recheados de efeitos especiais, mas atuações perfeitas, com astros (alguns deles se tornaram astros depois) que parecem terem nascido para os papéis que receberam.



Mas não vamos falar de O Senhor dos Anéis hoje (mas aguarde para o futuro uma matéria sobre a Trilogia) e sim de uma outra super-adaptação. Trata-se de Clube da Luta, que tanto em sua forma literária, quanto em sua contraparte cinematográfica conseguiu manter o espírito anárquico e explosivo proposto pelo brilhante escritor Chuck Palahniuk (essa é sua obra de estréia).



Daqui pra frente o texto contém alguns (pequenos) Spoilers, mas se você ainda não viu, toma vergonha, desligue esse computador e assista agora!!!






O tema, como já bastante conhecido (mas nem por isso totalmente compreendido) pelo público, trata-se da escravização mental, física, financeira e até espiritual, causada pela sociedade, principalmente pela necessidade de consumo. Com um tema difícil de ser abordado, e ganhando espaço em uma indústria conservadora ao extremo como a de Hollywood, não é de se espantar que o filme, logo de cara fracassou nas bilheterias, e foi recebido como se fosse o Armagedom iminente. No Brasil chegou a ocorrer um incidente em um cinema em São Paulo, quando um jovem (neurótico, por sinal) entrou atirando na sala, onde estava sendo exibido...Clube da Luta. Investigações posteriores provaram que não houve relação entre o filme e o incidente.



A narrativa acompanha a vida de um consultor de uma concecionária de carros, que tem uma insônia crônica que aos poucos vai consumindo-o. Mas ao encontrar um vendedor de sabonetes num vôo casual, sua vida termina por dar uma guinada! Seu apartamento é explodido, e ele acaba por indo morar com Tyler Durden, o tal vendedor de sabonetes.



Em uma noite, após uma bebedeira, os dois acabam por propositalmente brigarem e acabam usando isso como uma terapia para poder liberar seus sentimentos mais profundos e incontidos. Aos poucos a "terapia" vai se espalhando e logo se forma o Clube da Luta, que logo vai ganhando as mentes dos "homens médios" americanos (coincidência ou não, os homens médios são também o principal público de Palahniuk, cultuado internacionalmente) e começa a se espalhar pelas principais cidades americanas.



Mas os planos de Tyler vão além de uma terapia e visam libertar os homens da escravização. E para isso o Clube da Luta avança e começa a ganhar o mundo sob a forma do Projeto Destruição (Viôlencia ou Caos, etc., chame como quiser), que aos poucos vai treinando seus soldados para empreender essa tarefa.



Mas todos esses conceitos já foram exaustivamente estudados, bem como todos os recursos técnicos do filme, que até hoje servem como tema de estudo em faculdades de Cinema. Ao invés disso, vamos mos tratar como o filme foi adaptado bem como suas (poucas) diferenças com relação ao material original.



Cluba da Luta é o que pode se chamar de adaptação fiel, mantendo o original (e sua quase indigesta mensagem) intacto, mas alguns pontos importantes necessitaram ser adaptados para que pudesse ganhar com eficiência uma linguagem cinematográfica. Um dos maiores destaques do livro é a sua linguagem caótica, com informações distoantes chegando a todo o momento. O filme acabou por reproduzir muito bem essa característica com uma muito bem colocada narração em off do personagem principal. Méritos é claro da dupla principal de atores, composta por Edward Norton e Brad Pitt em papéis que marcaram que marcaram a carreira dos dois (um se tornou um dos maiores astros de Hollywodd, e o outro um dos atores mais cults e talentosos de Hollywood).



Outra pequena diferença é na parte que Tyler processa seu chefe. Na verdade o chefe processado é o de um hotel que ele trabalhava como garçom. O patrão da concessionária de carros, é morto por ele com uma bomba feita de monitor de computador! Tal diferença também é perfeitamente concebível, já que no filme os dois (ou um, pense como quiser) personagens tinham imagens e uma representação física e o lance dos empregos foi usado para separar os dois. Alguns momentos em que são apresentados certos conceitos da trama também são trocados, mas nada que mude a compreensão da trama.








O único ponto que realmente distancia um pouco o filme do livro é seu final. Quem assistiu a queda dos edifícios ao som de Pixies, com certeza nunca mais esqueceu uma das cenas mais marcantes do cinema moderno. No livro, apesar do final ser também condizente com a trama, têm um efeito anti-climático, terminando com Tyler em um hospícioDe cara após a apreciação das duas obras pode-se perceber a genialidade dos dois; David Fincher, cineasta que antes havia feito o superlativo filme de serial killer Seven, Os sete Crimes Capitais, e Chuck Palahniuk escritor cultuado, com obras que enfocam a face mais perversa da sociedade.Assita leia, e discuta, porque vale muito a pena!!!



Nota (para as duas obras): 10



Diretor (filme): David FincherAutor (livro): Chuck Palahniuk



Duração (filme): 139 minPáginas (livro): 220 páginas

3 Comentaram...

Fernando Luz disse...

Porra, puta que pariu: um dos melhores filmes/livros da minha vida ever.

Pedro Mendes disse...

O livro é tão bom quanto o filme? a viagem num perde agente nao?

Rosiane disse...

Mais de duas horas bem empregadas assistindo ao filme... uma trama bem intrigante, eu diria.

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